domingo, 31 de julho de 2011

A pobreza tem o rosto de uma mulher


Tanilda Araújo
29-04-2011  12:02
O conceito “feminização da pobreza” vem sendo usado até pela presidenta da República. A idéia é que as mulheres estão ficando mais pobres do que os homens principalmente quando é chefa de família e, segundo IBGE, “quase 30% das famílias brasileiras têm chefia feminina”.
Apesar de Lula ter tirado um milhão de brasileiras e brasileiros da pobreza, Dilma tem como principal desafio, como ela mesma diz, combater a feminização da pobreza e a erradicação da miséria a partir da autonomia, independência econômica e empoderamento das mulheres, com a equidade nos salários entre homens e mulheres e mais postos de trabalho para as mulheres.
“Há várias evidências em estudos científicos de que uma menor parte do salário do homem vai para os outros membros da família, enquanto que a renda da mulher tende a ser renda familiar, que nos domicílios chefiados por mulher, os recursos são alocados de modo a favorecer os filhos, com uma maior taxa de participação dos filhos adolescentes na escola e menor participação dos mesmos no mercado de trabalho e que também nesses domicílios as crianças têm uma melhor condição de saúde”. Que “os domicílios chefiados por mulher com cônjuge são os melhores para as crianças”, mas que “o pior resultado fica para os domicílios chefiados por homem sem cônjuge” e ainda que “as mulheres usam menos tempo em atividades de lazer”.
Isso nos leva a refletir que a mulher não pode mais assumir sozinha as responsabilidades domésticas até porque ela não será inserida no mercado de trabalho em pé de igualdade por poder se dedicar menos ao trabalho e aos estudos.
As pesquisas sobre feminização da pobreza associam a pobreza a questões relacionadas a gênero porque afeta de forma desigual mulheres e homens e nesta perspectiva, as mulheres estariam mais vulneráveis à pobreza por conta de sua função reprodutiva, porque o mercado de trabalho não assume o ônus da maternidade, de criar seres humanos melhores para viver em sociedade. Só se preocupam em gerar lucro em total desrespeito à nossa Constituição Federal que determina que a livre iniciativa deve ser com respeito ao valor social do trabalho.
Não podemos deixar de mencionar que existem outros fatores determinantes da pobreza, como classe e raça, visto que a mulher negra é mais discriminada e vive menos, segundo IBGE. Também não se trata de diminuir o papel do homem na família, mas o mercado de trabalho não pode usar a supervalorização do papel do homem provedor como forma de não contratar mulheres.
*Tanilda Araujo é Coordenadora Municipal de Políticas para as Mulheres em Alfenas (MG)

FONTE: http://www.jornalfolhadolago.com.br/noticia-detalhes.asp?id=181&noticia=ARTIGO---A-pobreza-tem-o-rosto-de-uma-mulher---Tanilda-Ara%FAjo

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