Planos de Ação Mód. 3


Avaliação Final do Módulo 3

Disciplina: Políticas Públicas e Raça
Carga Horária: 60 horas
Professor: Antonio Carlos Amador Gil
Período: 17 de outubro a 2 de dezembro de 2011

PLANO DE AÇÃO
                  
Título:
SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO AS DEMANDAS DAS MULHERES NEGRAS DO MUNICÍPIO DE ALEGRE-ES EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA COM ENFOQUE NO ACOLHIMENTO E HUMANIZAÇÃO

Identificação da cursista:

NOME: Teresa Cristina Ferreira da Silva.
ÓRGÃO: Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento de Alegre – SEMSSA.
CARGO: Enfermeira.
FUNÇÃO: Coordenadora Municipal do Programa de Saúde da Mulher – "Casa Rosa".
MUNICÍPIO: Alegre-ES.
OBSERVAÇÃO: A "Casa Rosa" é uma unidade municipal do SUS de referência em assistência primária em saúde da mulher.
POLO: Alegre.
PROFESSOR ON-LINE: Antonio Carlos Amador Gil
DATA DE FINALIZAÇÃO DO MÓDULO 3: 2 de dezembro de 2011
Objetivo Geral da ação:
Organizar na Casa Rosa o atendimento as demandas das mulheres negras em saúde sexual e reprodutiva com enfoque no acolhimento e humanização.
Justificativa:
O município de Alegre situado na Região Sudeste do Estado do Espírito Santo conta com uma população de 32.667 habitantes sendo 37% rural e 63% urbana (IBGE, 2011). Possui uma peculiaridade demográfica representada por uma população flutuante de cerca de 6000 habitantes composta por alunos e professores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CAUFES) e 703 assentados (PMA, 2011).
As mulheres somam 51,4% da população brasileira e 50,3% da população Alegrense (IBGE, 2011. PMA, 2011). Portanto a área técnica de Saúde da Mulher tem grande responsabilidade com estas cidadãs, sendo que o cadastro de estabelecimentos de saúde no serviço público de Alegre revela a existência de vinte e um estabelecimentos, dentre estes se encontra uma unidade de referência em atenção à saúde da mulher denominada "Casa Rosa" (IBGE (2011).
Na Casa Rosa são realizadas ações de tratamento especializado que compreendem o Pré-natal de alto risco e risco habitual; Distribuição de preservativo masculino e feminino, aplicação de DIU e aconselhamento para ligadura de trompas e vasectomia; Exame preventivo de câncer de colo de útero; Exame clínico da mama; Consulta ginecológica; Assistência no climatério e menopausa; Colposcopia e peniscopia; Cauterização e CAF (Cirurgia de Alta Freqüência), além de funcionar como campo de estágio para acadêmicos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre (FAFIA) e do CAUFES (RELATÓRIO DE GESTÃO, 2009).
A população alvo do programa de saúde da mulher é constituída por mulheres de 10-59 anos que em Alegre englobam 11.667 mulheres. Ressalta-se que cerca de 80% (9.334) destas mulheres usam os serviços sob gestão pública do SUS (SIAB, 2011).
O censo demográfico de 2000 demonstra que 54% dos brasileiros se autodeclaram como brancos, enquanto 45% como negros (pretos e pardos) e 0,4% como indígenas e amarelos. Em 2003, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a população negra representava 47,3% da população brasileira e aproximadamente 37,2% da população da região Sudeste (IBGE, 2004). Esse perfil étnico-racial se encontra inserido num contexto pouco homogêneo, levando-se em consideração os diversos setores que indicam o desenvolvimento humano da população negra (CASTRO; ABRAMOVAY; SILVA, 2004).
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra está voltada para a melhoria de suas condições de saúde, incluindo ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e prevenção de doenças, bem como de gestão participativa, participação popular e controle social, produção de conhecimento, formação e educação permanente para trabalhadores da área de saúde. Em 2004, o Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), com a portaria Nº 1678/GM, criaram o Comitê Técnico de Saúde da População Negra, para subsidiar o avanço da equidade na Atenção à Saúde dessa população, o que as garantiu uma atenção especial do governo federal no que diz respeito ao seu direito à saúde. O principal objetivo do Comitê Técnico de Saúde da População Negra é identificar as necessidades específicas da população negra em saúde e fazer com que o SUS as atenda, promovendo a equidade em saúde para essa população. Suas atribuições mais importantes são: elaborar e combinar propostas de intervenção conjuntas no SUS; participar de iniciativas relacionadas à saúde da população negra; assessorar a criação de comitês de saúde estaduais e municipais da população negra (PORTAL SAÚDE, 2011).
Os dados referentes aos Índices de Desenvolvimento Humano - IDH e ao acesso às políticas públicas nem sempre discriminam a raça/cor da população brasileira. Inclusive na constatação desse perfil epidemiológico, é importante destacar a inserção dos "quesitos raça/cor/etnia" nos formulários e instrumentos de coleta de dados dos Sistemas de Informação em Saúde do SUS. A subnotificação dessa variável ("quesitos raça/cor/etnia") na maioria dos sistemas de informação tem dificultado análise mais consistente sobre a saúde da população negra no Brasil. Contudo, um dos dados relevantes sobre a questão relacionada à saúde da mulher negra é que esta tem menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, atenção ginecológica e à assistência obstétrica (BRASIL, 2010).
A concretização, por meio das políticas públicas, dos princípios de igualdade, respeito às diferenças, promoção do pleno exercício da cidadania é um desafio para os governos dos países que se pautam pelos novos marcos teóricos, políticos e jurídicos no campo dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos. Entretanto, nas duas últimas décadas, registraram-se grandes avanços na legislação internacional e nacional sobre as dimensões da reprodução e da sexualidade como Direitos Humanos e de cidadania (BRASIL, 2010).
A temática humanização do atendimento em saúde mostra-se relevante no contexto atual, uma vez que a Política Nacional de Humanização (PNH) desenvolvida pelo Ministério da Saúde (MS) em 2004 parte de conceitos e dispositivos que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde, que propõe transformações nas relações sociais (BRASIL, 2004). Diz ainda que, a Humanização do SUS, denominada HumanizaSUS, é entendida como estabelecimento de vínculos solidários, através de trabalhos coletivos para que, desse modo possa torná-lo mais acolhedor, mais ágil e mais resolutivo, proporcionando melhores condições de trabalho e de atendimento para a população/usuário e entre outros. Tendo como princípios a transversalidade, autonomia e protagonismo dos sujeitos. Ainda nesse contexto, o mesmo, relata as diretrizes para implementação do HumanizaSUS, no que diz respeito em adequar os serviços ao ambiente e a cultura dos usuários, promovendo uma ambiência acolhedora, confortável, confiável e respeitando a privacidade dos mesmos.
A gestão da saúde no município de Alegre é exercida na modalidade Plena do Sistema pela Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento (SEMSSA); o que significa que as ações e serviços são planejados e faturados no próprio município mediante o acompanhamento do Conselho Municipal de Saúde. Existem no município alguns comitês no âmbito da saúde como o comitê de Mortalidade Materna e Infantil e o de Controle da Dengue, mas Comitê de Saúde da População Negra não se tem notícia de sua formação e atuação, apesar de necessário.
Diante destes pressupostos apresenta-se o presente plano de ação visando intensificar o acolhimento e humanização no ATENDIMENTO AS DEMANDAS DAS MULHERES NEGRAS EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA no âmbito do sistema público no município de Alegre tomando como base as ações estratégicas da Política Nacional de Humanização do SUS – (HUMANIZASUS). O tema se apresenta como inquietante, tendo como eixo de discussão o direcionamento das ações para o enfoque na população de mulheres negras do município de Alegre-ES. De acordo com o Brasil (2010) a humanização como política transversal na rede SUS, vista não como programa, mas como política que atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, e implica em traduzir os princípios do SUS em modos de operar dos diferentes equipamentos e sujeitos da rede de saúde; construir trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de produção de saúde e produção de sujeitos; oferecer um eixo articulador das práticas em saúde, destacando o aspecto subjetivo nelas presente; contagiar por atitudes e ações humanizadoras a rede do SUS, incluindo gestores, trabalhadores da saúde e usuários.
Descrição das ações:
Propõem-se ações de prevenção e promoção da saúde relacionadas à atenção integral à saúde da mulher que apesar de já estarem incorporadas a rotina de trabalho dos profissionais da "Casa Rosa" pode-se inferir que existe um nó crítico quanto ao acolhimento e abordagem com enfoque na raça/etnia. Portanto as ações serão realizadas mediante 3 frentes de trabalho:
Qualificação dos profissionais com enfoque na raça/etnia: Para alcançar a adequada qualificação da equipe de profissionais pretende-se:
Realizar duas oficinas durante o ano com participação de pelo menos 50% dos profissionais em cada oficina;
Emitir bimestralmente notas técnicas relacionadas ao tema;
Estabelecer mecanismos de sensibilização para a atenção diferenciada de ações de saúde para a clientela proveniente de territórios com predominância de negros;
Fomentar a implantação e implementação de redes integradas para atenção às mulheres;
Fomentar a organização de um Comitê de Defesa a Saúde da Mulher Negra ou um instrumento de similar impacto e efetividade;
Implantar um Centro de Estudos da Casa Rosa que aborde temas pertinentes em reuniões mensais de no máximo 40 minutos, além de apoiar o desenvolvimento de pesquisas.
Implementação do Acolhimento as demandas das mulheres negras:
Promover capacitação em entrevista e preenchimento do quesito cor nos impressos e formulários dos sistemas de informação do SUS buscando reflexões acerca do entendimento das questões etnoraciais, uma vez que em geral, os profissionais de saúde sentem dificuldades de abordar questões raciais, até quanto a definição de raça que levanta polêmicas, na medida em que a compreensão está muito marcada por preconceitos e tabus.
Ampliar a divulgação e oferta dos serviços disponíveis;
Implementar as atividades educativas em saúde sexual e saúde reprodutiva em grupos agendados para participação em três sessões de realização mensal por 40 minutos;
Promover quatro campanhas no ano de veiculação na mídia local de spots relacionados ao tema (igualdade racial na saúde da mulher), distribuição de cartaz e folder educativo;
Estabelecer um (ambulatório) atendimento multiprofissional individualizado em saúde sexual e reprodutiva para a mulher negra;
Realizar processos de educação em saúde em sala de espera, diariamente, priorizando o enfoque étnico-racial, associado à implementação de ações afirmativas para alcançar a equidade em saúde e promover a igualdade racial.
Desenvolver estratégias de identificação, abordagem, combate e prevenção do racismo institucional:
Elaborar banner motivacional/reflexivo que funcione como elemento sensibilizador quanto ao acolhimento;
Estimular a participação das usuárias, prioritariamente as mulheres negras, nos processos de planejamento e atividades do cotidiano da equipe da Casa Rosa;
Assegurar o preenchimento do quesito cor nos formulários dos sistemas de informação do SUS;
Viabilizar a realização de pesquisas que abordem a temática do racismo as mulheres negras, bem como de conhecimento do perfil da população alvo;
Garantir a atenção humanizada e qualificada mediante o reconhecimento de suas necessidades expostas em espaços criados para conhecer as demandas específicas, como montar caixa de opiniões, pesquisas de satisfação, ouvidoria, site de atenção as usuárias;
Estimular a ampliação e fortalecimento da participação das usuárias, bem como o fortalecimento da participação de lideranças negras no conselho municipal de saúde e outras instâncias do controle social, como nas audiências públicas.
Criar instrumentos educativos, que representem aspectos da saúde sexual e reprodutiva com foco na mulher negra nas imagens dos folders e banners diversos a fim de não reforçar as concepções racistas.

Cronograma:
Para planejamento das ações acredita-se ocupar um total de três meses. Enquanto para execução espera-se distribuir as ações no período de cinco meses, conforme demonstra a planilha em anexo.
População beneficiada:
População de mulheres negras, incluindo jovens e demais mulheres em idade reprodutiva, profissionais do sexo, estudantes, trabalhadoras rurais e urbanas residentes no município de Alegre-ES.

PLANILHA DO CRONOGRAMA
 
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Fases/Ações

DEZ

JAN

FEV

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

2011

2012

Apresentação e discussão do Plano de Ação com a equipe da Casa Rosa.

X















Apresentação do Plano de Ação para a SEMSSA.

X















Apresentação do Plano de Ação para o Conselho Municipal de Saúde.

X















Organizar planilha de orçamento/custo.

X















Elaborar e protocolar processo de solicitação de compra para processo licitatório.



X













Iniciar a organização das capacitações e material educativo/motivacional.



X

X

X

X

X

X

X

Promover a qualificação dos profissionais em saúde sexual e saúde reprodutiva com enfoque na raça/etnia.







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X

X

X

X

Desenvolver as atividades de implementação do acolhimento.







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X

X

X

X

Promover o desenvolvimento das estratégias de identificação, abordagem, combate e prevenção do racismo institucional.







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X

X

X

X

Avaliar as ações.







X

X

X

X

X
 

























































































































































POSTADO POR: Teresa Cristina







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PLANO DE AÇÃO

Título:
Promoção da saúde sexual e reprodutiva da população negra na faixa etária de 10 a 19 anos do município de Alegre/ES


Justificativa:
A taxa de natalidade do Brasil vem caindo ao longo das décadas, o que pode se atribuir a inserção das pílulas contraceptivas no mercado, na década de 60 (PINHEIRO, 2000. IBGE, 2009), e a necessidade de prevenção da AIDS, a partir da década de 80 (UNICEF, 2007). Entretanto, ao longo desse tempo, a gravidez na adolescência não acompanhou esse declínio, uma vez que dados revelam o aumento da gravidez na faixa etária de 10 a 19 anos (PINHEIRO, 2000).
Esse aumento da incidência de gravidez entre adolescentes preocupou a sociedade e passou a ser considerado um problema de saúde pública, uma vez que começou a relacionar-se a gravidez na adolescência com as condições socioeconômicas da mãe, o abandono da escolaridade, a vulnerabilidade social da faixa etária e principalmente, com maiores riscos a saúde da mãe e do bebê (PINHEIRO, 2000. GAMA; SZWARCWALD; LEAL, 2002. PANTOJA, 2003. CARNIEL et al., 2006. BRASIL, 2006.  CASTRO; AQUINO; ANDRADE, 2009).
Diante desta realidade, o governo passou a investir em campanhas de conscientização, orientação e apoio aos adolescentes, para que esses planejem com mais segurança suas decisões (BRASIL, 2010a. BRASIL, 2010b), o que já vem mostrando resultados, uma vez que se constata uma queda, depois de décadas, da taxa de natalidade entre adolescentes brasileiras desde 2000 (CASTRO; AQUINO; ANDRADE, 2009. BRASIL, 2010b). Essa queda é um importante resultado, porém a taxa ainda é alta quando comparada as outras faixas etárias e a outros países, e revela grande diferencial entre as classes sociais, mantendo a responsabilidade da sociedade e do poder público em relação a essa questão (UNICEF, 2007).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009) demonstram que seguindo a tendência de queda da fecundidade no país, as mulheres jovens estão tendo menos filhos, uma vez que em 1998, 7,6% das adolescentes de 15 a 17 anos já tinham filhos, e em 2008 o percentual caiu para 6,3%.
Contudo, mesmo havendo uma queda na fecundidade em todo o país, a gravidez na adolescência continua preocupante devido à ocorrência em adolescentes em situação de vulnerabilidade social, uma vez que, conforme dados do IBGE e do IPEA, a taxa de fecundidade, em 2006, cresceu em 0,14 nas classes econômicas mais baixas (BRASIL, 2010a).
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstram que no período de 2003 a 2005, morreram em média 15 mil jovens do sexo feminino, mortalidade esta relacionada com causas externas (35%), seguidas pelas mortes por neoplasias, doenças do aparelho respiratório e doenças infecciosas e parasitárias. Enquanto as morbidades relacionam-se com complicações na gravidez, parto e puerpério, doenças de transmissão sexual, lesões e envenenamentos, e transtornos mentais e psicossociais (CASTRO; AQUINO; ANDRADE, 2009).         
Esses dados referentes à morbidade entre jovens são dados de internações vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), no ano de 2006, onde foram realizadas nesse ano 2.196.654 internações na faixa de 15 a 24 anos, representando 19,4% do total destas, sendo estas majoritariamente do grupo feminino, uma vez que, as mulheres foram responsáveis por 81,6% das internações. Internações relacionadas a gravidez, parto e puerpério representaram o principal grupo de causas entre estas mulheres, constituindo 78,4% do total (CASTRO; AQUINO; ANDRADE, 2009).
No Espírito Santo (ES), no ano de 2000 foram realizados 11.761 partos na adolescência. No ano de 2005 há um decréscimo para 9.666, enquanto em 2009 cai o número para 7.600, o que resultou em uma queda de 35,38%, quando analisado o período de 2000 a 2009, de partos em adolescentes (BRASIL, 2010).
No período de 2000 a 2009, segundo dados disponíveis no DATASUS (2010), no Espírito Santo, do total de nascidos vivos, 0,78% eram filhos de adolescentes com idade entre 10 e 14 anos e 20,10% entre 15 e 19 anos, o que representa 20,88% (111.793) de nascidos vivos entre mães adolescentes.
No município de Alegre, no mesmo período entre adolescentes houve o nascimento de 899 nascidos vivos, sendo que 2,52% eram filhos de mães com idade entre 10 e 14 anos e 97,44% entre 15 e 19 anos, o que representa, respectivamente, 0,51% e 10,57% do total de nascimentos no município (DATASUS, 2010). 
Estudo realizado no município de Alegre no ano de 2010 (Calvi, 2010) com adolescentes grávidas demonstrou, quanto aos aspectos da sexualidade, que 88% das adolescentes entrevistadas já receberam algum tipo de orientação sexual, 76% já utilizaram algum método contraceptivo e 52% não estavam utilizando quando engravidaram, o que apontou a necessidade do enfermeiro formular estratégias de orientação sexual mais eficazes na atenção primária a saúde, bem como em parceria com o setor educacional.
Segundo Carniel (2006) cabe ao setor da saúde organizar seus serviços de forma diferenciada para o acolhimento e acompanhamento da saúde dos adolescentes, sendo importante haver parcerias com instituições governamentais e não governamentais de educação e promoção social, com as famílias e com a comunidade, para que por meio de informação, conhecimento, proteção e apoio, os jovens se encaminhem para a vida adulta de forma saudável e responsável, o que justifica a ação deste plano no município de Alegre onde há a incidência de gravidez na adolescência e percebe-se a necessidade de maior orientação dos adolescentes tanto para prevenção da gravidez na adolescência quanto para o seu empoderamento em relação ao seu corpo e seus direitos sexuais, garantindo assim a saúde sexual e reprodutiva dos mesmos.
Cabe ressaltar que direito sexual diz respeito ao direito a saúde, como um aspecto (entre outros) do marco jurídico que legitima o direito de cada pessoa com seu corpo, seu jeito e seu direito de amar, reconhecidos e respeitados. Ou ainda, abarca a noção de bem-estar assegurado e de dignidade garantida ao estilo de vida que se expressa na forma peculiar de atração erótica e nas maneiras de obtenção de prazer de cada pessoa, salvaguardado o respeito ao consentimento daquele/a com quem exerce tais preferências. Enquanto Direitos Reprodutivos são entendidos como uma ampliação dos direitos sociais, civis e políticos que visam proteger a saúde e as escolhas sexuais e reprodutivas das cidadãs e dos cidadãos e Saúde Sexual pode ser interpretado como reforço do ideal – de evidente conotação moral – do corpo e do espírito sadios, e da sua contrapartida na medicalização da sexualidade como forma de controle sobre os usos do corpo.
O censo demográfico de 2000 demonstra que 54% dos brasileiros se autodeclaram como brancos, enquanto 45% como negros (pretos e pardos) e 0,4% como indígenas e amarelos. Em 2003, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domi¬cílios (PNAD), a população negra representava 47,3% da população brasileira e aproximadamente 37,2% da população da região Sudeste (IBGE, 2004). Esse perfil étnico-racial se encontra inserido num contexto pouco homogêneo, levando-se em consideração os diversos setores que indicam o desenvolvimento humano da população negra (CASTRO; ABRAMOVAY; SILVA, 2004).
Inclusive na constatação desse perfil epidemiológico, é importante destacar a inserção dos “quesitos raça/cor/etnia” nos formulários e instrumentos de coleta de dados dos Sistemas de Informação em Saúde do SUS. A subnotificação dessa variável (“quesitos raça/cor/etnia”) na maioria dos sistemas de informação tem dificultado análise mais consistente sobre a saúde da população negra no Brasil. Contudo, um dos dados relevantes sobre a questão relacionada à saúde da mulher negra é que esta tem menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, atenção ginecológica e à assistência obstétrica (BRASIL, 2010), o que justifica a preocupação com a promoção da saúde sexual e reprodutiva do população negra no município de Alegre, em especial da parcela entre 10 a 19 anos, que encontra-se em uma faixa etária de grande vulnerabilidade para a gravidez.

Postado por: Ana Carolina



PLANO DE AÇÃO

Título: Sexualidade voltada para mulheres negras da zona rural.

Justificativa: Vejo a importância de estar trabalhando com essas mulheres negras que residem na zona rural, pois o muito já lhe foi tirados no passado conforme mostrados em nossos estudos, hoje pela dificuldade de acesso a informações, à distância. Assim as reflexões sobre o tema abordado nos remetem a compreensão de que a atenção a mulher negra na saúde parece ser bastante pertinente.

O município de Alegre situado na região sudeste do Estado do Espirito Santo conta com uma população de 32.667 habitantes sendo 37% rural e 63% urbana (IBGE, 2011). Sendo representada por uma população flutuante de 6.000 compostas por alunos e professores do Centro de Ciência Agrarias da Universidade Federal do Espirito Santo (CAUFES) e 703 assentados (PMA, 2011).

No setor onde atuo Casa Rosa (Saúde da Mulher) são realizadas ações de tratamento especializado que compreende Pré-Natal, aconselhamento para ligaduras de trompas e vasectomia, exames de preventivos de câncer de colo de útero, exame clinico da mama, consultas ginecológicas etc. Atuamos também em esclarecendo e orientação de dúvidas voltadas a saúde da mulher. Neste setor programa saúde da mulher a população alvo é construída por mulheres de 10 a 59 anos que em Alegre englobam 11.667 mulheres. Ressalta-se que cerca de 80% (9.334) destas mulheres são usuárias do serviço sob gestão pública do SUS (SIAB).

Hoje ainda encontramos perante a sociedade muito preconceito e tabu diante do tema sexualidade em uma população urbana informada, imagino para essas mulheres que não tem acesso as informações, diante disso acho de extrema importância e responsabilidade as unidades de saúde construir estes vínculos, principalmente trabalhar com reuniões e palestra educativas na sala de espera, estratégias de aconselhamentos e atenção voltadas a necessidades específicas desse grupo populacionais como tarefa de reorganizar-se um modelo de atenção á saúde (Brasil, 2006, pg 10).

Penso que para isso exige uma nova postura e qualificação dos profissionais, com enfoque não só no individuo lembrando que no contesto atual é importante compreender o individuo em seu espaço social e cultural, onde podem reproduzir mais diversas formas de relação da sociedade.

A sexualidade ela esta no dia a dia de cada um de nós, vivemos conforme manifesta o seu prazer. Tentamos erroneamente controlar a orientação do desejo sexual dos filhos, temos que ajudar sim a compreender a sexualidade e facilitar o desenvolvimento de forma mais positiva (Brasil, 2006, pg 59).

Sendo assim vejo a importância de estar trabalhando com este tema sexualidade com essas mulheres mães e futuras, pois a sexualidade em toda a sociedade é alvo de normas morais, religiosas e científicas que vão sendo interiorizadas pelas pessoas desde a infância e por isso pode ser interpretadas como naturais. Conforme afirma Jurandir Freire Costa (1994) “cada sociedade inventa a sexualidade que pode inventar”.

Este tema apresenta como inquietação, tendo como eixo de discussão o direcionamento das ações para o enfoque na população de mulheres negras da zona rural do município de Alegre ES. Diante desse pressuposto apresenta-se o presente plano de ação visando intensificar a assistência no âmbito do sistema público neste município. 

Descrição da ação: Vejo a importância de oferecer subsídios para estar trabalhando junto a essas mulheres, estimulando as dimensões biológicas temas como sexualidade na vida do ser humano, tentando junto com elas esclarecer dúvidas sobre sexualidade, oferecer debates relacionados á sexualidade, trabalhar com oficinas e palestras proporcionando o conhecimento e a integração dos participantes, este plano será desenvolvido na unidade de saúde casa rosa onde eu atuo.

Cronograma: Para planejamento das ações acredita-se ocupar um total de quatro meses. Enquanto para execução espera distribuir as ações no período de nove meses conforme demonstra na planilha em anexo.

População beneficiada: Mulheres negras da zona rural que frequentam a casa rosa(saúde da mulher) incluindo mulheres jovens.



                          PLANILHA DO CRONOGRAMA
                              

ATIVIDADES     /     MÊS
Fev.
Mar.
Abr.
Mai.
Jun.
Jlh
Ags
Set
Out
1
Apresentação e discussão do Plano de Ação a equipe da casa rosa.
X
 







2
Iniciar a organização dos materiais educativos para as ações.
 
X







3
Observar agendamento de consulta (marcação) de mulheres negras da zona rural observar dia da consulta e retorno para esta convidando as mesmas, para implementar as ações.
 
 
X
X





4
Desenvolver as atividades propostas.
 

 

X
X

X
X

5
Avaliar as ações



 
 



X



Postado por: Eliandra  
(Módulo 3 - 11/12/2011)