segunda-feira, 2 de abril de 2012

Saúde da população negra é direito, é lei.

Racismo e discriminação fazem mal à saúde
27 de Outubro: Dia Nacional de Mobilização Pró-saúde da População Negra

Enfrentar o racismo, a discriminação racial e suas consequências na saúde; garantir a atenção às doenças e agravos que mais afetam a população negra e lutar pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) são as principais bandeiras da Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra
Celebrado desde 2006, o Dia Nacional de Mobilização Pró-saúde da População Negra, é oportunidade para reforçar o combate às desigualdades raciais no acesso à saúde e de promoção da qualidade de vida da população afrodescendente. A data é o ponto de partida para a mobilização que se estende até novembro, quando se comemora o Mês da Consciência Negra.
No Rio de Janeiro, algumas atividades já estão agendadas:
  • Oficina de qualificação do preenchimento do quesito raça/cor, para instrumentalizar e sensibilizar profissionais e gestores de saúde para a implantação da Política Nacional de Equidade em Saúde da População Negra, com ênfase na inserção do quesito raça/cor.
Datas: 26 de outubro e 9, 16, 23 e 30 de novembro
Locais: CAPs 5.3; 4.0; 2.1; 1.0
  • Contação de  histórias que  resgatem a identidade negra para crianças que participam dos Espaços  Lúdicos da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro.
Data: 27 de outubro
Local: Clínicas da Família Zilda Anrs e Felipe Cardoso e Unidade de Saúde Sílvio BarbosaMais informações: (21) 22737398
Acesso em: 01/04/2012

POSTADO POR
Ana Carolina, Célia, Eliandra, Janete e Teresa Cristina


‘Ao deixar o preconceito e o racismo ferverem em banho-maria, surge o risco real da erupção do conflito’

Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay. Mensagem em ocasião do Dia internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, comemorado em 21 de março de 2012.

A relação entre racismo e conflito é uma relação profundamente enraizada e bem estabelecida. Certo número de estudos mostrou que um dos primeiros indicadores de violência potencial é o desprezo pelos direitos das minorias. Uma pesquisa promovida por uma organização não governamental indicou que mais de 55% dos conflitos violentos de intensidade significativa entre 2007 e 2009 tinham as violações dos direitos das minorias ou tensões entre comunidades no centro da violência.
Apenas no último ano, vimos vários exemplos terríveis de violência étnica no meio de conflitos em muitos países do mundo. Na última semana, em uma visita a Guatemala, presenciei as consequências trágicas e duradouras de práticas históricas de racismo contra povos indígenas e afrodescendentes. A Guatemala ainda está lidando com o legado de 36 anos de conflito armado.
Prevenir tal conflito é claramente mais desejável do que as tentativas posteriores de apagar as chamas e começar os difíceis processos de reconstrução, reconciliação e justiça – isso sem mencionar os custos humanos e sociais. Entretanto, o problema é que os avisos prévios em relação ao preconceito e à discórdia são frequentemente ignorados, e só quando os mais sinistros e tardios sinais começam a emergir é que o Estado e a comunidade internacional começam a reagir.
Vinte anos atrás, a Declaração sobre os Direitos de Pessoas pertencentes a Minorias Nacionais, Étnicas, Religiosas e Linguísticas reconheceu claramente a ligação entre estabilidade política e social e a promoção e a proteção dos direitos das minorias nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas. Os Estados também reconheceram através da Declaração e do Programa de Ação estabelecidos em Durban, em 2001, que o racismo e a discriminação estão entre as causas primárias de muitos conflitos nacionais e internacionais. Uma olhada através dos primeiros arquivos e relatórios de alerta do Comitê sobre Eliminação da Discriminação Racial se torna uma trágica leitura dos tipos de conflitos que poderiam ter sido evitados se essas advertências iniciais tivessem sido atendidas.
Neste Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, peço que os Estados prestem atenção aos alertas prévios sobre preconceito, estereótipos, ignorância e xenofobia. Peço que eles tratem urgentemente da marginalização e exclusão de indivíduos pertencentes a certas comunidades das tomadas de decisões econômicas e políticas. Peço que se estabeleça um processo de consulta e um constante diálogo com todas as partes da sociedade, e que os esforços para garantir o acesso aos empregos, acesso à terra, acesso aos direitos políticos e econômicos não fique restrita de acordo com as características de raça, cor ou nacionalidade das pessoas. Peço também que os projetos de desenvolvimento não desfavoreçam desproporcionalmente uma comunidade em particular.
Essas não são obrigações novas para os Governos, mas são há muito tempo parte dos compromissos com os direitos humanos assumidos pelos Estados. Deixando os perigosos problemas sociais do preconceito e do racismo ferverem em banho-maria, surge um risco real da erupção de conflitos explosivos, anos ou décadas depois.
Racismo e preconceito podem fornecer, promover e perpetuar as narrativas que criam e sustentam conflitos – seja no mundo desenvolvido ou em desenvolvimento. Não esperemos que os ressentimentos se transformem em violência ou o preconceito se torne um genocídio antes de decidirmos agir.

FONTE: http://unicrio.org.br/ao-deixar-o-preconceito-e-o-racismo-ferverem-em-banho-maria-surge-o-risco-real-da-erupcao-do-conflito/
Acesso em 31/03/2012

POSTADO POR
Ana Carolina, Célia, Eliandra, Janete e Teresa Cristina

"Isso" não é um problema

Gêmeas raras completam 7 anos na próxima semana


Próximo ao aniversário de 7 anos das meninas, os pais disseram ao jornal Daily Mail que a vida das meninas vai muito bem, obrigada!
"Elas não se preocupam com a cor de suas peles. Isso não é um problema, como todo mundo costuma achar que é", disse a mãe.
As gêmeas Kian e Remee são uma raridade genética. Nascidas com apenas um minuto de diferença, em 7 abril de 2005, as irmãs inglesas são fisicamente muito diferentes. Kian tem a pele negra, cabelos e olhos castanhos e Remee é loira, de olhos azuis e tem a pela branca. A probabilidade de isso acontecer com gêmeos filhos de pais mulatos é de uma em um milhão! Tanto Kylee Hodgson, quanto Remi Horder, os pais das meninas, têm mães brancas e pais negros.

As meninas são muito unidas e, ao contrário do que parece, têm muito em comum. "Elas tem uma afinidade meio intuitiva e fazem tudo juntas: dançam, cantam, leem e até espirram juntas, às vezes! A primeira palavra das duas foi a mesma e ao mesmo tempo: suco! Mas é claro que elas também têm interesses diferentes: enquanto Kian adora animais, Remee gosta de culinária", contou Kylee.
"Elas cresceram rodeadas de pessoas brancas e negras. Mas elas são elas mesmas. Elas não veem a diferença que as outras pessoas veem", finalizou a mãe.
Fonte: Daily Mail. Disponível em
Acesso em 01/04/2012.
POSTADO POR
Ana Carolina e Teresa Cristina

domingo, 11 de dezembro de 2011

ORGULHO DE SER NEGRO


A expressão “orgulho de ser negro” foi abolida do vocabulário de muitas pessoas por medo do preconceito. Com o passar do tempo, porém, o resgate cultural fez com que os negros assumissem a “negritude” na maneira de ser. Cada vez mais difundida entre os jovens brasileiros, a cultura afro está presente no visual, nas preferência musicais, nos estudos e na religião.
Cada vez mais, os jovens estão se identificando com a cultura negra. Prova disso são os dados do Censo 2010, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando que os jovens brasileiros entre 15 e 24 anos se declaram pretos e pardos mais do que os adultos. De 34 milhões de jovens nessa faixa de idade, 18,5 milhões se autodeclararam pretos e pardos. Dentre os adultos, 54 milhões dos 107 milhões dessa faixa etária (25 a 59 anos) se disseram pretos ou pardos.
De acordo com o sociólogo e professor do Decanato de Extensão Universitária da Universidade de Brasília (UnB) Ivair Augusto Alves dos Santos, o movimento de resgate cultural negro começou na década de 1950. “Em 1970, a mudança foi física, ou seja, na aparência, com o movimento Black Power. Na década de 2000, a mudança é política e envolve o debate de ações afirmativas.”
Em 2010, aproximadamente 91 milhões de pessoas se classificaram como brancas, 15 milhões como pretas, 82 milhões como pardas, 2 milhões como amarelas e 817 mil como indígenas.
Acredita-se que os indicadores com base no Censo 2010 foram influenciados pelo processo de valorização da presença afrodescendente na sociedade brasileira e pela adoção das políticas afirmativas.
“Esses dados demonstram não só uma mudança demográfica, mas também política, social e cultural, porque expressa uma nova forma de visibilidade da população negra brasileira ao estimular que as pessoas assumam sua cor de pele de uma maneira mais aberta ( Marcelo Paixão ).”

Postado por: Ana Carolina

UM NÓ CRÍTICO

Vejo que nesta perspectiva de enfrentamento a toda forma de discriminação, muitas ações afirmativas vêm se desenvolvendo no sentido de buscar concretizar o princípio da equidade no SUS com a abordagem específica para alguns grupos populacionais em programas e ações de promoção e prevenção da saúde, bem como em atividades de educação permanente com a finalidade de oferecer orientações técnicas para a atuação dos profissionais na atenção à saúde, tendo por princípio a abordagem integral e a promoção dos direitos humanos. Neste sentido penso que se faz necessário desenvolver capacitações  para buscar reflexões acerca do entendimento das questões raciais, uma vez que em geral, os profissionais de saúde sentem dificuldades nessa abordagem, até quanto a definição de raça que levanta polêmicas, na medida em que a compreensão está muito marcada por preconceitos e tabus.
Recomendo como ponto inicial a leitura e reflexão sobre o texto que posto abaixo:

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Estudo mostra a complexidade e a indeterminação da classificação por cor/raça

A cor/raça de um indivíduo resulta de um processo complexo e subjetivo de negociação da identidade, com dimensões históricas, socioculturais, educacionais, econômicas e de gênero

Muitos estudos, no Brasil e no mundo, se baseiam em entrevistas nas quais, entre os dados coletados, está a informação sobre a cor/raça dos entrevistados. Mas, diferentemente do que se imagina, essa informação não é neutra: a classificação de cor/raça depende do contexto social, cultural e histórico, perpassa aspectos subjetivos e é carregada de indeterminação. É o que defende um artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. Num estudo quantitativo, os autores verificaram como as características de entrevistadores e entrevistados interferem na informação sobre cor/raça dos próprios entrevistados.

A pesquisa foi conduzida na cidade de Pelotas (RS) e contou com a participação de cerca de 3 mil moradores, que receberam visitas domiciliares de entrevistadoras. A cor/raça dos participantes foi avaliada de duas formas diferentes: por auto-classificação e a partir da observação das entrevistadoras (heteroclassificação), de acordo com as categorias branca, parda, preta, amarela e indígena do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Por autoclassificação, a amostra da pesquisa era composta por 75,3% de brancos, 7,1% de pardos e 13,6% de pretos. Já a partir da observação das entrevistadoras, havia 80,0% de brancos, 5,8% de pardos e 13,9% de pretos. Ainda de acordo com as entrevistadoras, havia apenas dois amarelos na amostra, e indígenas e outras categorias de cor/raça representavam apenas 0,2% e 0,1% dos participantes, respectivamente. No entanto, pela autoclassificação, a amostra era constituída por 25 (0,8%) de amarelos, 1,1% de indígenas e 1,9% de indivíduos em outras categorias de cor/raça, tais como “moreno”, “alemão” e “mestiço”.

O artigo – assinado por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas e da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) – também avaliou as associações entre a cor/raça de entrevistadoras e entrevistados. Verificaram que entrevistados de ambos os sexos com 40 anos ou mais tinham uma chance 2,1 vezes maior de se autoclassificarem como pardos do que como brancos quando as entrevistadoras eram pretas, em comparação às brancas. Para entrevistados com 40 anos ou mais do sexo masculino, a diferença foi ainda mais acentuada: eles tinham uma chance 2,8 vezes maior de se autoclassificarem como pardos naquela mesma situação.

Além disso, entrevistados com 40 anos ou mais do sexo masculino tinham uma chance cinco vezes menor de se autoclassificarem como pretos do que como brancos quando as entrevistadoras eram pretas, em comparação às brancas. Por outro lado, entrevistadoras pretas, em relação às brancas, tiveram uma chance 2,5 vezes menor de classificarem homens de 40 anos ou mais como pretos do que como brancos.

“As diferenças na distribuição da população de acordo com a autoclassificação e a heteroclassificação de cor/raça, assim como as associações entre a cor/raça de entrevistadoras e entrevistados, enfatizam o caráter contingente desse tipo de classificação no Brasil”, dizem os autores no artigo. “Longe de uma essência imutável, a cor/raça de um indivíduo resulta de um processo complexo e subjetivo de negociação da identidade, envolvendo dimensões históricas, socioculturais, educacionais, econômicas e de gênero”.

Nesse sentido, os pesquisadores lembram que a autoclassificação de cor/raça pode levar em conta critérios como ancestralidade, história familiar e pertencimento étnico-cultural, diferentes dos usados pelos entrevistadores. Os autores destacam, ainda, que a classificação de cor/raça não é independente das características dos entrevistadores: tais características influenciam o processo classificatório e, consequentemente, interferem nos resultados dos estudos. “Isto é, não existe situação neutra”, ressaltam.

O artigo chama a atenção para algumas limitações da pesquisa, como não haver entrevistadores homens, os entrevistados não terem classificado a cor/raça dos entrevistadores e a cidade estudada apresentar elevada proporção de moradores auto-classificados como brancos. Apesar dessas limitações, o estudo atinge seu objetivo de mostrar a complexidade da caracterização por cor/raça. “É crucial que a validade e a confiabilidade da classificação por cor/raça não sejam assumidas de modo irrefletido e ingênuo”, concluem os pesquisadores.

FONTE: Reportagem de Fernanda Marques, da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 12/01/2010. Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2010/01/12/estudo-mostra-a-complexidade-e-a-indeterminacao-da-classificacao-por-corraca/ Acesso em 11 de dezembro de 2011.

POSTADO POR: Teresa Cristina











Refletindo sobre... POLÍTICAS PÚBLICAS E RAÇA

Com os estudos GPPGR módulo III, que abordou a temática “POLÍTICAS PÚBLICAS E RAÇA”, passei a ter uma idéia de raça, racismo, desigualdade, políticas públicas afirmativas bem diferente do que tinha antes dos estudos. Percebi como tinha uma visão restrita e irreal dessas questões no meu dia-a-dia e no meu modo de pensar em relação a várias problemáticas que envolviam ações que buscam “privilegiar” determinadas parcelas da população, como as cotas, por exemplo.
Percebi que na ignorância, que nos cerca pela falta de conhecimento, acabamos por ter pensamentos errôneos e até mesmo preconceituosos. Nunca havia entendido e nunca tinha buscado a entender o porquê de cotas para negros, o porquê das diferenças raciais que sempre é assunto em noticiários, o porquê de programas de saúde para a população negra, o porquê de ter que responder ou perguntar qual a cor ou raça em preenchimentos de fichas padronizadas, o porquê do negro se sentir tão discriminado, entre outros por quês, uma vez que na minha cabeça eu achava que o preconceito não existia por não ver locais públicas exclusivos para negros ou brancos, ou por não existir cargos públicos ou privados exclusivos, também, para negros ou brancos, ou por nunca ter visto uma discriminação “escancarada” contra um negro.
Nunca havia parado para perceber ou ao menos pensar na discriminação, no racismo cordial, intrínseca em nossa sociedade. Na discriminação que faz parte da história da população negra, que apesar de anos sem escravidão, continuam escravos da falta de reconhecimento, de oportunidades, de justiça. Continuam escravos de uma sociedade que muitas vezes, explicitamente ou implicitamente, vem perpetuando pensamentos discriminatórios, vem buscando um embranquecimento social, tanto fisicamente quanto culturalmente e socialmente, através de uma supervalorização que a sociedade faz em relação ao branco.  
Percebi que o que aprendi na disciplina de História do Brasil no ensino fundamental e médio, não era assim tão verdadeiro, aprendi que a Lei Áurea não foi assim tão importante para a abolição dos negros, aprendi que muitos já haviam conseguido sua alforria e que o simples documento assinado não os tirou da escravidão, apenas os trocou de escravidão. Deixaram de viverem escravos de seus “senhores”, para serem escravos da miséria, da pobreza, da discriminação, do preconceito, do racismo. Para serem escravos da luta constante pelos seus direitos, pela igualdade social, pela dignidade, pelo respeito como cidadãos que precisam e são capazes de trabalhar e continuar a contribuir para o crescimento do país, uma vez que, por muitos anos foram a maior força de trabalho no nosso país.
Analisando a trajetória política do movimento negro brasileiro, em seus diferentes ciclos de mobilização ao longo da história, assim como o do movimento de mulheres negras, foi possível perceber as estratégias de ação, os objetivos e as formas organizativas desses movimentos, assim como destacar as transformações identitárias e os principais desafios enfrentados na luta contra o racismo e o sexismo (por parte do movimento das mulheres negras), em favor da ampliação da cidadania a cidadãos que carregam até hoje a hipocrisia de um país que por muito tempo negou seu próprio preconceito, perpetuando desigualdade e discriminação através de uma dita “democracia racial”.
Percebo, agora, a importância do movimento negro na busca da inserção digna e efetiva da população negra na sociedade, na conquista de direitos, na “manutenção” da cultura negra em nossa sociedade, na conquista de cargos representativos municipais, estaduais e federais, na formulação e implementação de políticas públicas afirmativas voltadas para essa parcela população, que por muitos anos ficaram esquecidas da política brasileira, de uma forma geral. Assim como, a importância do movimento negro feminino, que enfrentou e enfrenta um preconceito ainda maior, uma vez que, além do preconceito racial enfrenta o preconceito por sexo, enfrenta o racismo e o sexismo, de uma sociedade voltada para o embranquecimento social, uma sociedade hierarquizada e paternalista, onde a mulher, em especial a negra, é desvalorizada e discriminada.
Tenho receio, ainda, de falar sobre o assunto e acabar por falar de forma discriminatória ou desrespeitosa em relação à população negra, então, logo, peço desculpas, se em alguma palavra ou frase me expressei mal ou deixei a entender alguma forma de preconceito.
DIGA NÃO AO RACISMO...NÃO SEJA RACISTA, E LEMBREM-SE É NOS PEQUENOS ATOS QUE PODEMOS FAZER A DIFERENÇA, SÃO NAS PEQUENAS PALAVRAS, NOS PEQUENOS ENSINAMENTOS QUE PODEMOS MUDAR A NOSSA SOCIEDADE.

Postado por: Ana Carolina

A dimensão da raça nas políticas públicas

Embora o texto que posto abaixo, e recomendo a leitura, não seja tão atual, traz um compilado muito pertinente as temáticas do Blog: “POBREZA, GÊNERO E RAÇA/ETNIA NOS CONTEXTOS URBANO E RURAL - Perspectivas de gênero e raça/etnia na saúde pública”, bem como as temáticas do Módulo 3 – Políticas públicas e raça do curso de GPP-GER e as abordagens nas respectivas unidades:

ü Unidade 1 – A construção histórica da ideia de raça
ü Unidade 2 – O percurso do conceito de raça no campo de relações raciais no Brasil
ü Unidade 3 – Desigualdades raciais e realização socioeconômica: uma análise das mudanças recentes
ü Unidade 4 - Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras: uma Agenda Contra o Racismo

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NOTA TÉCNICA

PERSPECTIVA DE GÊNERO E RAÇA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS*
Laís Abramo**

* Apresentação feita no Seminário Internacional América do Sul, África, Brasil: acordos e compromissos para a promoção da igualdade racial e combate a todas as formas de discriminação, Brasilia, 22-24 de março de 2004.

** Especialista Regional da OIT em Gênero e Trabalho.



O tema deste ensaio é a dimensão de raça nas políticas públicas. A primeira pergunta que deve ser feita é: Por que é importante falar de gênero e raça quando se fala de políticas públicas? Ou, em uma linguagem mais técnica, por que é importante introduzir, fortalecer e transversalizar a dimensão de raça nas políticas públicas?

Em primeiro lugar porque, no Brasil, as desigualdades e a discriminação de gênero e raça são problemas que dizem respeito à maioria da população. No caso brasileiro, quando nos referimos a gênero e raça não estamos falando de grupos específicos da população, ou de minorias, mas, sim, das amplas maiorias da sociedade brasileira. Isso não significa que a discriminação contra qualquer minoria possa ser justificada, mas que, no Brasil, esse problema claramente se refere à maioria da população. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001, as mulheres correspondem a 42% da População Economicamente Ativa (PEA), e os negros de ambos os sexos a 44,5%. A soma de mulheres (brancas e negras) e homens negros corresponde a 55 milhões de pessoas, que representam quase 70% da PEA brasileira. Por sua vez, as mulheres negras, que representam um conjunto bastante especial nesse grupo, correspondem a 14 milhões de pessoas — quase 20% da PEA brasileira.

Em segundo lugar, porque, em qualquer indicador social considerado — educação, emprego, trabalho, moradia etc — existe uma desvantagem sistemática das mulheres em relação aos homens, e do conjunto de negros de ambos os sexos em relação aos brancos. Essa desvantagem é especialmente marcada no caso das mulheres negras.

O segundo tema importante a ser discutido é como essas duas questões — gênero e raça — podem e devem ser relacionadas. Esses dois temas têm estatutos diferenciados. No caso do Brasil existem, inclusive, movimentos sociais organizados — e diferenciados — em torno dessas duas questões: os direitos da mulher e o feminismo, e os direitos dos negros e o combate ao racismo. Trabalhar conjuntamente essas duas questões não é fácil, não é simples. Pelo contrário, é um grande desafio.

No Brasil, estamos vivendo atualmente um momento propício para trabalhar essa questão, a partir da criação, pelo Governo do presidente Lula, de duas secretarias especiais vinculadas à Presidência da República. Uma delas encarregada das políticas para as mulheres e a outra encarregada das políticas de promoção da igualdade racial. Essas duas secretarias, e as suas respectivas ministras, têm muita consciência de que é necessário trabalhar em conjunto essas duas dimensões, e isso é muito importante.

As desigualdades e as discriminações de gênero e raça são duas formas fundamentais de discriminação que cruzam a sociedade e o mundo do trabalho no Brasil. São dois tipos de discriminação que não apenas se superpõem, mas se intercruzam e se potencializam. A situação da mulher negra evidencia essa dupla discriminação.

Examinando os indicadores do mercado de trabalho, o que observamos é que em alguns aspectos a discriminação de gênero é mais acentuada que a de raça, e em outros ocorre o contrário. Não se trata aqui de discutir qual desses dois tipos de discriminação é o pior.

Ambos são intoleráveis e têm de ser combatidos. No caso da mulher negra, uma forma de discriminação potencializa a outra.

Outro tema abordado nessa exposição é a relação entre a discriminação (de gênero e raça), a pobreza e a exclusão social. Muitas vezes essa discussão é feita separadamente: quem discute a questão da discriminação não discute necessariamente a questão da pobreza, e quem discute a questão da pobreza não está levando na devida conta as dimensões de gênero e raça. Existe, entretanto, uma relação muito forte entre esses dois problemas: as diversas formas de discriminação estão fortemente associadas aos fenômenos de exclusão social que dão origem à pobreza e são responsáveis pela superposição de diversos tipos de vulnerabilidade e pela criação de poderosas barreiras adicionais para que as pessoas e os grupos discriminados possam superar a pobreza e a exclusão social.

A pobreza é heterogênea. Isso pode parecer óbvio, mas não é porque a maioria das análises e diagnósticos sobre a questão da pobreza, os indicadores em geral utilizados para medi-la, assim como as políticas públicas desenvolvidas para tentar combatê-la não consideram devidamente nem a dimensão de gênero, nem a de raça desses fenômenos.

A pobreza não é neutra. A pobreza tem sexo, tem cor, tem endereço. Isso significa que os fatores ligados à condição da família, ao ciclo de vida, ao sexo, à idade, à raça e à etnia, determinam formas diferenciadas de vivenciar a pobreza, e que determinados grupos da população são mais vulneráveis e têm uma dificuldade maior de superá-la. Há alguns processos e características que são comuns na pobreza de homens e mulheres, negros e brancos, mas existem outros que são diferentes e geram maiores dificuldades e desvantagens adicionais.

O sexo e a raça são os fatores que mais fortemente condicionam a forma pela qual as pessoas e suas famílias vivenciam a pobreza. No Brasil, os negros estão sobre-representados entre os pobres. Eles equivalem a 45,5% do total da população e a 69% do total das pessoas em situação de pobreza. Na mensuração da pobreza, é mais fácil ter dados desagregados por cor que por sexo, devido aos indicadores que freqüentemente são utilizados para medir a pobreza, que tomam em conta o rendimento familiar (a família é a unidade de análise, e as diferenças que existem no seu interior, entre elas a de sexo, não são devidamente consideradas).

DETERMINANTES DE GÊNERO E RAÇA DA SITUAÇÃO DA POBREZA DE NEGROS E MULHERES

A raça e o sexo das pessoas determinam a sua maior ou menor vulnerabilidade diante da pobreza e uma maior ou menor dificuldade de superação dessa situação. Quais são esses determinantes? Quatro deles merecem destaque:

Primeiro determinante: maiores dificuldades de inserção de negros e mulheres no mercado de trabalho
Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a forma fundamental de superação da pobreza é o trabalho. Não um trabalho qualquer, mas um trabalho que a OIT define como trabalho decente, ou seja, capaz de garantir condições de vida minimamente dignas para as pessoas, e se o trabalho é a via fundamental de superação da pobreza e da exclusão social, é necessário analisar quais as condições que têm os negros e as mulheres para uma inserção decente (de boa qualidade) no mercado de trabalho. Todos os dados indicam que as mulheres e os negros têm mais dificuldades de se inserir no mercado de trabalho e, em especial, de obter um emprego de qualidade.

As principais dificuldades de cada um desses grupos não são necessariamente as mesmas. No caso das mulheres, um fator muito importante são as restrições impostas pelas responsabilidades reprodutivas, ou seja, toda a carga das tarefas relativas ao cuidado da casa, das crianças, dos mais velhos, que continua sendo assumida principalmente — quando não exclusivamente — pelas mulheres. Esse é um trabalho que consome um número importante de horas por dia (especialmente entre os setores mais pobres) e que não tem um valor econômico reconhecido pelo mercado. No caso dos negros, um elemento importante é a escolaridade. Apesar de aumentos importantes verificados na última década nos níveis de escolaridade do conjunto da população brasileira, ainda persiste um diferencial muito grande entre negros e brancos nesse aspecto. Esse diferencial se manteve igual ao longo de todo o século XX. Essa é uma estabilidade muito perversa.

Também afetam negativamente a inserção de mulheres e de negros no mercado de trabalho a falta de qualificação profissional específica e a ausência de redes de informação, de contatos, fatores muito importantes para que as pessoas possam encontrar um trabalho.

No caso das mulheres, existem também fatores culturais que não incentivam — ou desincentivam — o trabalho feminino, dentre eles a velha idéia de que cabe ao homem o papel de provedor da família e à mulher as funções de cuidado. Essa idéia continua tendo uma forte presença e capacidade de propagação, apesar do fato que, no Brasil, 27% das famílias são chefiadas por mulheres, ou seja, em quase 30% das famílias brasileiras as mulheres são as provedoras principais — ou exclusivas. Apesar disso, continua sendo muito forte a idéia de que o papel da mulher é “cuidar” da família e da esfera reprodutiva e, mesmo quando ela trabalha, seu trabalho é secundário ou complementar ao do marido.

Segundo determinante: a desigual valorização econômica e social do trabalho tanto de negros quanto de mulheres

O trabalho tanto de negros como de mulheres é menos valorizado social e economicamente. Isso está na base dos preconceitos que afetam a sua inserção no mercado de trabalho, como a suposta “falta de competência” para determinados tipos de trabalho, ou uma delimitação rígida do que seriam trabalhos próprios para mulheres e próprios para homens, próprios para negros e próprios para brancos. Na verdade existem muitos preconceitos, muitos estereótipos diferentes, mas todos eles têm um elemento comum: a desqualificação das mulheres em relação aos homens e dos negros em relação aos brancos. As formas pelas quais negros e mulheres são desqualificados e desvalorizados no mercado de trabalho não são necessariamente as mesmas, mas esse fenômeno ocorre com ambos os grupos da população e está na base da persistência e reprodução de uma segmentação ocupacional que os desfavorece.
Mesmo diante do fato de que as mulheres já têm um nível médio de escolaridade superior ao dos homens no mercado de trabalho, elas costumam se concentrar em certas ocupações e profissões que são desvalorizadas social e economicamente, e que aparecem quase como uma extensão das “funções de cuidado” exercidas no âmbito doméstico e familiar (empregadas domésticas, enfermeiras, educadoras de ensino básico etc.). Isso explica uma parte importante da maior dificuldade de inserção das mulheres no mercado de trabalho e os diferenciais de rendimento, oportunidades de ascensão e promoção que ainda permanecem. O mesmo ocorre no caso dos negros.

Terceiro determinante: acesso desigual aos recursos produtivos

Em uma situação em que emprego assalariado e formal responde cada vez mais a uma menor percentagem dos postos de trabalho existentes, são cruciais as condições de acesso à terra, à tecnologia, ao crédito que possibilitem alguma alternativa de geração de trabalho e renda. Nesse aspecto também a situação de mulheres e negros é muito menos favorável.

Quarto determinante: desigualdade de oportunidades para participar dos processo de tomada de decisões

Essa desigualdade incide na não-inclusão dos interesses das mulheres e dos negros nas agendas de políticas públicas. Em razão disso, as políticas de combate à pobreza, de geração de emprego, ou de qualquer outra área das políticas públicas (educação, saúde, habitação etc.) não refletem adequadamente as necessidades e direitos de mulheres e negros, e as políticas aparentemente “neutras” em relação ao gênero e à raça tendem a reproduzir as desigualdades existentes entre mulheres e homens, negros e brancos.

 
DESAFIOS PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS

 
Nessa parte final quatro desafios para as políticas públicas voltadas ao combate à pobreza e à geração de emprego serão apresentados, com o objetivo de incorporar adequadamente as dimensões de gênero e raça.

O primeiro deles é incorporar uma dimensão de gênero e raça nos métodos de medição da pobreza e nas análises sobre a pobreza, a fim de visibilizar as características próprias da pobreza das mulheres e dos negros. Se a pobreza é heterogênea, se existe uma situação diferenciada e desigual em termos de gênero e raça na vivência da pobreza e dos processos de exclusão social, essa realidade deve refletir-se nos indicadores através dos quais esses fenômenos são mensurados, assim como nas análises e diagnósticos feitos sobre pobreza, problemas de emprego, educação, saúde, habitação etc. Outra vez, isso vale para qualquer área das políticas públicas.
Para elaborar políticas mais eficazes de combate à pobreza é fundamental compreender as causas a ela associadas, identificar os grupos mais vulneráveis e gerar respostas adequadas.
É fundamental, ainda, que as pessoas em situação de pobreza deixem de ser vistas apenas como beneficiárias de programas sociais, e passem a ser vistas como cidadãs e cidadãos portadores de direitos.

O segundo desafio é justamente incorporar os problemas das mulheres e dos negros na agenda pública. Para isso, é muito importante estabelecer canais e mecanismos de diálogo com diferentes atores. Esses problemas são de uma magnitude tal que a sua solução supõe o concurso de diferentes atores e a criação de espaços de concertação social. Também é importante identificar adequadamente as melhores opções institucionais para promover a transversalização das dimensões de gênero e raça nas políticas públicas, que podem ser diferentes segundo os vários contextos em que se atua.

O terceiro desafio é gerar novas respostas ante os problemas das mulheres e dos negros.

Rever o impacto diferenciado em homens e mulheres, brancos e negros dos programas de emprego e combate à pobreza e incorporar uma dimensão de gênero e raça nos processos de planejamento, implementação, alocação de recursos, monitoramento e avaliação de cada programa ou política. Se não existirem mecanismos ou indicadores que possam medir os efeitos dessas políticas, e se esses indicadores são sensíveis ao gênero e à raça, nunca poderemos saber se esses programas são eficientes ou não, se contribuem ou não para os seus objetivos, assim como para a superação das desigualdades de gênero e raça.

O quarto desafio é fortalecer as capacidades institucionais dos gestores públicos e demais atores sociais para desenvolverem propostas de política e mecanismos de implementação, monitoramento e avaliação capazes de promover a igualdade de gênero e raça como um aspecto fundamental das políticas públicas. Quando falamos de políticas públicas nos referimos a gestores, a formuladores de políticas, a pessoas responsáveis pela implementação dessas políticas, seu monitoramento e avaliação. Estamos falando do governo, dos funcionários públicos e também das organizações da sociedade civil que estão em constante diálogo com esses gestores públicos. Um fator central, portanto, para o êxito dessas políticas, para aumentar sua capacidade de contribuir para a superação das desigualdades de gênero e raça é fortalecer as capacidades institucionais dos atores que são por elas responsáveis para que sejam capazes de executar tudo o que estamos propondo aqui. Não basta ter sensibilidade para a questão de gênero, sensibilidade para a questão de raça, isso é importante, mas não suficiente. Fundamental é saber como traduzir essa sensibilidade em programas e políticas concretas, em ferramentas concretas, e isso exige um grande esforço de formação e capacitação dos gestores públicos e dos demais atores sociais e a criação de espaços e mecanismos de diálogo social e de concertação em torno ao tema. As organizações sindicais, de empregadores, de mulheres e negros têm de estar presentes nessa discussão. Para isso elas também têm de se qualificar, para saber traduzir todas essas idéias e demandas em políticas e ações concretas.

FONTE: IPEA mercado de trabalho | 25 | nov 2004 21. Disponível em <http://www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_25e.pdf> Acesso em 10 de dezembro de 2011.

POSTADO POR: Teresa Cristina


domingo, 9 de outubro de 2011

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


Conhecida como Lei Marida da Penha, a lei Nº 11.340 decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente do Brasil ; Luiz Inácio Lula da Silva , em 7 de agosto de 2006. Dentre as várias mudanças promovidas pela lei esta o aumento no rigor das punições, das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006 e já no dia seguinte o primeiro agressor já foi preso no Rio de Janeiro. Criam-se mecanismos para coibir a violência domestica e familiar contra a mulher, nos termos do artigo 226 da constituição federal , da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de descriminação contra as mulheres e da convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher. Dispõe sobre a criação dos juizados de violência doméstica e também contra mulher, alterando o código do processo penal, o código penal e a lei de execução penal, e de outras providências, Maria da Penha Maia Fernandes, foi o caso homenageado a lei 11.340. Ela foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983 por duas vezes ele tentou assassina-la, tamanho o ciúme doentio. Na primeira vez com arma de fogo deixando-a paraplégica e na segunda, por eletrocussão e afogamento. Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou, o marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas 2 anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público. 



Mesmo com a implantação desta Lei, desde  o ano de 2006, este episódio ainda continua existindo em nosso tempo principalmente na cidade onde eu resíduo, onde muitos dos casos ainda continuam sem solução devido às mulheres vítimas não terem coragem de denunciar seu companheiro pelo fato da mesma, viver sobre o mesmo teto e também depender dos mesmos, elas continuam escondendo as agressões sofridas pelos parceiros. Na maioria dos casos são mulher com pouca escolaridade, negras e que vivem na periferia de nossa cidade, dessa forma o parceiro também vive do mesmo jeito, com escolaridade baixa e vivendo através de serviços braçais. Quando chegam os finais de semanas aonde o índice de violência é mais freqüente, o parceiro vai para os famigerados “botecos” e depois de umas bebidas, voltam para suas casas e descontentes com a vida que levam, desforram em suas parceiras.  Com esse índice de agressões as mulheres venham a ficar com alguns problemas emocionais, tais como: medo, insegurança, tristeza e angustia. Na maioria dos casos em que o agressor é detido, sempre a mulher por ser submissa, não quer registrar a agressão sofrida pelo parceiro, sendo assim o agressor volta para o seio do lar, e com o passar do tempo vir a agredir sua parceira novamente.      


POSTADO POR: ELIANDRA

PESQUISA NACIONAL DE DEMOGRAFIA E SAÚDE DA CRIANÇA E DA MULHER – PNDS/2006: DADOS SOBRE ATIVIDADE SEXUAL E ANTICONCEPÇÃO


A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) traça um perfil da população feminina em idade fértil e das crianças menores de cinco anos no Brasil. Em 2006, foi realizada a sua terceira edição. A maior parte dos dados foi coletada por meio de entrevistas domiciliares, realizadas com cerca de 15 mil mulheres entre 15 e 49 anos que vivem em áreas urbanas e rurais, nas cinco regiões brasileiras (BRASIL, 2008b).
Nos últimos 10 anos, verificou-se que as mulheres estão começando sua ativi­dade sexual cada vez mais cedo, o mesmo sucedendo com a prática da anticoncep­ção (BRASIL, 2008b).
Até os 15 anos, em 2006, 33% das mulheres entrevistadas já haviam tido rela­ções sexuais, valor que representa o triplo do verificado na PNDS realizada em 1996. Por sua vez, 66% das jovens de 15 a 19 anos sexualmente ativas já haviam usado algum método contraceptivo, sendo que o preservativo (33%), a pílula (27%) e os injetáveis (5%) foram os mais utilizados (BRASIL, 2008b).
A pesquisa verificou que a imensa maioria das mulheres já fez uso de algum método anticoncepcional, sendo esse percentual de quase 100% entre as não unidas sexualmente ativas maior que entre as atualmente unidas. A camisinha masculina e a pílula são os métodos mais citados. Chama ainda a atenção que quase 29,1% das mulheres atualmente unidas e 11% das sexualmente ativas não unidas recorreram à esterilização feminina. Em torno de 20% das mulheres, em todos esses grupos, usa­ram injeções. O percentual das que tiveram experiência com a pílula do dia seguinte alcança 23,2% no grupo das não unidas sexualmente ativas, no qual quase 5% já usaram a camisinha feminina (BRASIL, 2008b).
Na PNDS/2006, o perfil de uso de métodos anticoncepcionais, segundo o tipo de método, para todas as entrevistadas, as mulheres unidas e as não unidas sexualmente ativas, foi o seguinte: o percentual de mulheres que usam atualmente algum método é ex­tremamente alto, alcançando mais de 80% entre as unidas. Praticamente todas as entre­vistadas que regulam a fecundidade utilizam métodos anticoncepcionais modernos: 29% das atualmente unidas estão esterilizadas, 21% utilizam pílulas, 6% recorrem à camisinha masculina, 5% têm o companheiro vasectomizado e apenas 3% usam métodos tradicio­nais (BRASIL, 2008b).


Na Tabela 1, é apresentado o uso atual de anticoncepcionais:
Tabela 1: Distribuição percentual de todas as mulheres, mulheres atualmente unidas e mulheres não unidas sexualmente ativas usando algum método, segundo o tipo de método. PNDS 2006.
Método **
Uso atual
Todas as mulheres
Mulheres atualmente unidas
Mulheres não unidas, sexual­mente ativas*
Algum método
67,8
80,6
75,2
Métodos modernos
65,2
77,1
73,3
Esterilização feminina
21,8
29,1
10,9
Esterilização masculina
3,3
5,1
0,1
Pílula
22,1
24,7
30,3
DIU
1,5
1,9
1,3
Injeção contraceptiva
3,5
4,0
4,4
Implantes
0,1
0,1
0,4
Camisinha masculina
12,9
12,2
26,0
Camisinha feminina
0,0
0,0
0,0
Diafragma
0,0
0,0
0,0
Creme, óvulos vaginais
0,0
0,0
0,0
Pílula do dia seguinte
0,0
0,0
0,1
Método tradicional
2,4
3,2
1,6
Tabela / abstinência periódica / Billings
0,8
1,1
0,6
Coito interrompido
1,5
2,1
1,0
Outro método***
0,2
0,3
0,3
Não está
usando método
32,2
19,4
24,8
Número de casos
15.575
9.989
2.838


EXTRAÍDO DE: BRASIL. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.


POSTADO POR: Eliandra